O mercado de processadores vive uma "guerra" em que empresas
tentam, de todas as formas, abocanhar umas às outras. No mundo da
mobilidade, ARM e Intel se enfrentam e a britânica supera (e muito) a
norte-americana. Já no setor de servidores e computadores pessoais, a
Intel lidera com folga: a AMD tem atualmente uma tímida participação de
mercado, e vários problemas com lucratividade. E a IBM atua apenas no
segmento de servidores com uma fatia de mercado bastante reduzida.
Mas, há lances novos nas batalhas. Nesta semana, a ‘Big Blue’
anunciou que passará a licenciar sua tecnologia IBM Power – adotando um
modelo similar ao da ARM. Isso significa que qualquer companhia poderá
inovar em cima da arquitetura IBM Power. No mercado de servidores, a
tecnologia x86 da Intel (a mesma usada na maior parte dos PCs) tem 98%
de participação e os 2% restantes são divididos entre outras
plataformas.
A Intel e o desafio da mobilidade
No quintal da líder de mercado, a Intel, o cenário anda meio
nebuloso. Ela controla amplamente o segmento de PCs, que vem encolhendo,
e também nada de braçada no segmento de servidores – de onde colhe seus
maiores lucros.
A nova iniciativa da IBM quer mexer justamente no setor de
servidores, mas trata-se de um desafio gigantesco. Assim como a ARM, a
companhia ganhará royalties com as licenças e, consequentemente, mais
adeptos de sua tecnologia. No entanto, é difícil dizer se a Big Blue
conseguirá incomodar a supremacia da Intel.
Apesar do domínio em alguns setores, a Intel vive uma encruzilhada. A
norte-americana tem participação inexpressiva no segmento de
processadores que mais cresce: os chips voltados para tablets e
smartphones. Aqui, quem dá as cartas é a ARM. O problema é que as
margens de lucros dos processadores para dispositivos móveis é
infinitamente menor que as margens com as quais a Intel se acostumou no
mercado de PCs e, especialmente, de servidores.
Ou seja, investir em processadores para dispositivos móveis significa
direcionar sua impressionante (e cara) infra-estrutura de produção para
chips cujas margens de lucro são pequenas. Começa aí um dilema: o
mercado de maior crescimento é o de menor lucro. Isso explica em boa
parte a postura hesitante da empresa quando o assunto é mobilidade.
Inimigos por todos os lados
As dores de cabeça da Intel prometem ser ainda maiores. Além da
tentativa da IBM de ganhar algum espaço no segmento dos servidores, a
ARM esboça iniciativas no campo dos PCs.
Já estão surgindo, aos poucos, notebooks que rodam chips com
arquitetura ARM. O risco para a Intel só não é maior no momento porque o
Windows RT (que roda chips ARM) é um quase um fracasso.
Os alvos são claros: IBM (e também a AMD, que afinal de contas a
companhia não está morta) querem ganhar nacos do mercado de servidores. A
Intel, por sua vez, precisa conquistar o mundo mobile, onde a
arquitetura ARM está presente em 90% dos smartphones e tablets. E, por
fim, a britânica pensa em conquistar os PCs, outro feudo histórico da
Intel.
A IBM pode obter sucesso ao ter como aliada nada menos que o Google.
Apesar de a gigante de buscas não ter informado quanto de sua
infra-estrutura será migrada da tecnologia x86 para a Power, o nome da
companhia faz com que a iniciativa ganhe peso.
Já a AMD aderiu à arquitetura ARM em uma estratégia em que os chips
de baixo consumo desenham um novo cenário. E, no caso da Intel, ainda há
um inimigo não declarado: a Qualcomm, empresa que produz chips baseados
na arquitetura ARM e atualmente é a que tem a maior participação entre
tablets e smartphones.
Mais que isso, o próprio modelo organizacional da Qualcomm assusta a Intel: trata-se de uma empresa relativamente pequena (quando comparada à própria Intel), muito mais ágil e focada em resultados. Algo que faz os veteranos da norte-americana lembrarem-se de sua própria empresa algumas décadas atrás.
Mais que isso, o próprio modelo organizacional da Qualcomm assusta a Intel: trata-se de uma empresa relativamente pequena (quando comparada à própria Intel), muito mais ágil e focada em resultados. Algo que faz os veteranos da norte-americana lembrarem-se de sua própria empresa algumas décadas atrás.
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